As doenças sob a ótica das constelações sistêmicas

Agora que você já entendeu, com o texto anterior, o motivo de eu dizer que a doença é um grito da alma que chama para a vida, vamos continuar nossa reflexão.

A necessidade de ordem e de pertencimento permite a coesão do sistema familiar. A necessidade para a compensação ou equilíbrio cria movimento para a frente, cada vez que se realiza uma compensação adulta ou também produz um movimento de repetição, até a morte, quando a pessoa permanece numa compensação arcaica.

Quando a ordem e o pertencimento não são respeitados, a coesão do grupo torna-se rígida, impedindo a individualidade dos seus membros. Cada vez que se cria uma exclusão, o sistema da família põe em marcha um mecanismo cego, um novo mecanismo de compensação, para promover a reinclusão dessa pessoa e, portanto, reconstruir a coesão do sistema em um nível mais alto.

Esse mecanismo cego se dirige aos mais novos do sistema, que estão ao serviço dos mais velhos, provocando um sofrimento neste membro jovem, um sofrimento metafórico da situação que provocou a exclusão, cujo objetivo é ser lido, compreendido, até a reinclusão do excluído.

Nas constelações, percebe-se que o doente, ou a pessoa designada para apontar o excluidor, está vinculado com este alguém que não assumiu o dano que fez. Assim, vai ter a mesma fidelidade e debilidade que o excluidor, e terá conflitos que não saberá resolver, igualmente. Essa pessoa escolhida pelo sistema para apontar àquele que excluiu ou que foi excluído (movimento sistêmico ou da alma) enfrenta, portanto, dificuldades pessoais, e essas se somatizam em uma doença.

Hamer descobriu e comprovou que toda doença é a somatização de um conflito bloqueado. E Hellinger diz que os conflitos bloqueados são rejeições à vida como ela é.

Ricamente, Hamer comprovou que a doença, ou o que chamamos de doença, é um processo bifásico do programa de sobrevivência, com características e sintomas bem distintos. E aqui, Brigitte Champetier de Ribes integra as constelações, considerando as lealdades invisíveis, e constata que a doença da primeira fase, de Conflito Ativo, simpaticotonia (C.A.), representa uma fidelidade a um excluidor e, na segunda fase, de Resolução do Conflito, vagotonia ou parassimpaticotonia (P.C.L.), a fidelidade é com um excluído. E esses aspectos podem ser verificados no quadro abaixo. E a grandiosidade da constatação de Brigitte é que na crise epileptoide (metade da fase P.C.L.) há a reconciliação dos opostos – vítima e agressor –,levando à cura do sistema. O que não significa cura do corpo.

O fato é que cada um que rejeitamos nos leva a um excluído do nosso sistema. E a sintonia com a vida nos pede que digamos sim a todos e, quando fazemos isso, alguém de trás é reincluído.

Portanto, a cura pode vir de uma constelação ou de uma decisão que tomamos porque, movendo algo aqui, todo o sistema se move também. Quando o doente, por fim, aceita sua doença, começa a olhar para seus conflitos e assumir o que rejeitou, dando-se conta de quem ele também excluiu da sua vida. A doença, então, pode se retirar.

Esse sofrimento, essa metáfora, é o que chamamos de doença, cuja missão é a reconciliação entre um excluidor e um excluído, que haviam se desligado da vida e, o retorno a ela, consiste nessa reconciliação. Assim, neste olhar sistêmico das constelações Familiares, o doente, descendente designado para denunciar essa exclusão e separação da vida, vai imitar os ancestrais com quem está intrincado, rejeitando a vida como ela é, excluindo ou sendo excluído. Quando o doente diz sim à sua situação, sim” à doença, entra em sintonia com o movimento do espírito, iniciando-se a compensação adulta. E a força de cura começa a se manifestar.

As constelações colocam luz sobre as dinâmicas cegas que provocam a doença. Frente aos sofrimentos dos ancestrais a pessoa responde, inconscientemente, a partir do seu amor cego marcado pelo pensamento mágico da criança, com uma destas fases:

  • À pessoa que excluiu ou foi excluída: “Sigo você”, “Substituo você”.
  • À pessoa que excluiu: “Pago por você, expio por você”.
  • À pessoa que foi excluída: “Expio como você”, “Sou uma vítima como você”, “Sigo você na exclusão”.
  • A um enfermo do seu sistema familiar: “Sigo você na doença”, “Morro em seu lugar para que você volte”.
  • A algum dos seus familiares, que lhe transmitiu a vida: “Você por mim”, a pessoa responde “Eu por você”, carregando, então, a intrincação desse familiar.

Toda reconciliação responde a um movimento do sistema. A doença é um processo completo de reconciliação, sendo, portanto, um movimento do espírito / sistema.

Assim, quando um doente chega à cura, volta à saúde, quer dizer que se encontra em um movimento poderoso de recuperação e crescimento. A desordem anterior do sistema foi sanada, graças ao processo de cura do doente. O sistema familiar perde sua rigidez e se conecta a um nível maior de consciência, permitindo, a todos os seus membros, uma maior autonomia e mais vida. E para melhor compreender, consideremos:

  • A enfermidade nos mostra alguém ou algo que foi excluído.
  • Sua mensagem é: o espírito que te deu tudo, te pede que reincluas alguém que foi excluído por ti ou por um ancestral, para poder seguir adiante com plenitude.
  • Os campos são acumulação e transmissão de informação. Contêm todos e tudo para sempre, de modo que cada um que chega recebe toda a bagagem.
  • E como todo sistema vivo, a consciência familiar busca manter o equilíbrio e utiliza mecanismos cegos de compensação quando o equilíbrio está em perigo; a consciência familiar cria um fenômeno que recorda essa exclusão, que materializa o desprezo e põe à vista de todos para que se possa reparar. E um desses fenômenos é a enfermidade.
  • Os campos só podem transmitir e informar, mas não mudar. São um grande depósito de memória ordenada.
  • O que é transmitido de geração em geração são, pois, conflitos não resolvidos, mas também as soluções.
  • O inconsciente é biológico e não psicológico.

Portanto, saúde e doença não são uma coincidência nem são sujeitas à nossa vontade. Dinâmicas profundas, sistêmicas e inconscientes atuam, vinculando-nos à nossa família e os nossos ancestrais.

“O inato do indivíduo é o adquirido da espécie!” Konrad Lorenz

Entendendo as fases da doença

Para trabalhar com as constelações no contexto da saúde, deixo um alerta. Para quem não conhece sobre a Medicina Germânica, ao constelar a saúde ou a doença certamente não saberá distinguir em que fase da doença o indivíduo está. Correrá grande risco de piorar o estado dele ou até mesmo levá-lo a óbito. São muitas informações a serem observadas e distinguidas para reconhecer em que fase da doença o indivíduo está.

Na primeira fase, o doente está em conflito ativo e sua condição física e demonstração de sinais fisiológicos e emocionais são totalmente distintos da segunda fase, na qual está em resolução do conflito, conflito biológico, não emocional. É de fundamental importância esse conhecimento, para saber reconhecer o que e como constelar ou oferecer recursos para lidar com aquilo que a segunda fase da doença  traz, que pode ser de muito sofrimento. Se estiver na segunda fase, só pode trabalhar recursos para bem lidar com o sofrimento típico desse processo, já que o conflito ativo, disparador da doença, já está curado. E reconhecer essas fases requer grande conhecimento prévio.

Muito bem, já experimentamos um bocado de informações, talvez emoções e tomadas de consciência e, agora, te pergunto: qual o seu conceito sobre saúde e doença? O que você até fazendo para preservar a sua saúde ou até mesmo a doença que habita em você? Quantas dinâmicas estão atuando nesta condição?

Vamos refletir um pouco? Vamos olhar para algumas situações comuns? Quem sabe você pode experimentar, desfrutando, mais um pouco, desses registros!

Bem, penso que talvez você já tenha notado que a vida é dual. Que ela tem o que se mostra e o seu oposto. O dia e a noite, masculino e feminino, vítima e agressor, saúde e doença, alegria e tristeza, doce e salgado, bom e ruim, e é nesse reconhecimento e vivência que oscilamos e temos no movimento da vida as polaridades que geram força de coesão e transformação, nos levando para mais vida.

Isto já nos leva a abarcar a tudo sem julgamento pois nunca se sabe a história toda. Quando dizemos que estamos saudáveis ou estamos doentes, será que é tão excludente assim?

Os nossos sentidos nunca erram, não porque julgam corretamente, mas porque nunca julgam.Rupert Sheldrake

Te convido a saber mais no próximo texto.

Veja mais:

Workshop auxilia a lidar com questões relacionadas a dinheiro

Publicado: 9 de janeiro de 2022

Evento conduzido pela psicóloga Vera Boeing utiliza a metodologia das constelações sistêmicas O dinheiro está a serviço da vida e, mais do que isso, é essencial a ela. Por esse motivo, ter uma boa relação com ele é fundamental para que se obtenha sucesso, segundo o que prevê as constelações sistêmicas – prática terapêutica para […]

Como as constelações sistêmicas podem auxiliar nos relacionamentos?

Publicado: 2 de outubro de 2021

O tema será abordado em um workshop sobre constelações para relacionamentos, promovido pela psicóloga Vera Boeing em 16 de outubro, sábado, das 8h30 às 17h no Hotel Flat Petras, em Curitiba. O foco será nos diversos tipos de relacionamentos – familiares, amorosos, de amizade, de trabalho, entre outros. “O evento é indicado para quem deseja […]

Workshop abordará constelações de saúde

Publicado: 20 de julho de 2021

As constelações são uma excelente ferramenta para se trabalhar diversos temas, entre eles, a saúde. Para ajudar a entender o que desencadeia as doenças e de que forma as constelações podem auxiliar, a Vera Boeing Desenvolvimento de Pessoas promove, em 31 de julho, sábado, a partir das 8h30, um workshop de constelações de saúde. O […]

2º Congresso Internacional de Consciência Sistêmica ainda tem ingressos para a modalidade on-line

Publicado: 15 de junho de 2021

O 2º Congresso Internacional de Consciência Sistêmica acontecerá nos dias 2, 3 e 4 de julho. Há duas opções de formato: presencial, em Lisboa, e on-line, para quem desejar acompanhar de forma remota. Promovido pelo Espaço Amar, o evento contará com 44 workshops, 22 palestras e 57 palestrantes de 11 países – entre eles, a […]

A doença desencadeada de acordo com o sentir

Publicado: 24 de maio de 2021

Frente ao exposto no texto anterior, já se pode certamente compreender, até mesmo com uma lógica, sobre o que é a doença, o programa biológico de sobrevivência. E agora trago um exemplo, considerado à luz das Leis Biológicas, que evidencia a linguagem do corpo, as metáforas apresentadas em forma de doença, mas trazendo a intenção […]

Olhando para as doenças: casos concretos

Publicado: 14 de maio de 2021

No texto anterior, você compreendeu melhor as dinâmicas das doenças e, agora, podemos olhar para casos concretos e, quem sabe, também curar a alma e tomar a vida com mais força. Portanto, aqui, apresento conteúdos biológicos segundo Dr. Hamer, e sistêmicos, no olhar de Hellinger. Olhamos, então, para uma decodificação baseada na biologia, acima de […]

Entender a doença para compreender a vida

Publicado: 6 de maio de 2021

Agora que você já sabe sobre as fases da doença, vamos olhar para alguns sintomas e dinâmicas observadas nas constelações? Vamos entender a doença para compreender a vida. “Ter saúde significa muito mais do que não apresentar nenhuma doença física.” Johnny De Carli Nosso corpo é um depósito de memórias. Ele conta a história. É […]

Workshop de constelações sistêmicas foca no nascimento

Publicado: 19 de abril de 2021

A Vera Boeing Desenvolvimento de Pessoas organiza, em 21 de abril (quarta-feira), mais um workshop de constelações sistêmicas, desta vez voltado ao nascimento. Constelando esse momento, abre-se a possibilidade de solucionar traumas que impactam em situações cotidianas e nos nossos relacionamentos. Para constelar, é necessário efetuar o pagamento de R$ 230,00 para o PIX 41999682687. […]