Advocacia Sistêmica: um olhar amplo para a verdadeira solução

O sistema judicial foi criado com o intuito de resolver conflitos entre indivíduos e entidades. As regras deste sistema são desenvolvidas para criar isonomia na tratativa de conflitos entre pessoas e também entre órgãos da sociedade.

Os operadores do direito são os profissionais que, dentro deste sistema e respondendo aos processos e regras criados por ele, auxiliam as pessoas em suas demanda litigiosas. E assim se chega a uma solução, dentro do que prevê a lei em cada caso. Este é o caminho habitual do direito, que tem prestado seu serviço à sociedade há muito tempo.

Porém, observando e conversando com os profissionais do direito (juízes, advogados, promotores, assistentes sociais, etc), o que tem se percebido são dois pontos:

1) Que esses profissionais estão sobrecarregados, desmotivados e sem energia para com as demandas cada vez maiores dos clientes em seus conflitos;

2) Que, embora muitas vezes o processo chegue a uma solução em face das leis, nem sempre o conflito que o originou se encerra na sentença, retornando de uma nova forma para o sistema judicial.

Ampliando o olhar
Dessas percepções, o juiz brasileiro Sami Storch começou a trazer o olhar das constelações familiares para dentro do seu trabalho na justiça. Storch é considerando o precursor mundial dessa aplicação, que hoje é utilizada em outros países e com força crescente no Brasil.

O que é a constelação sistêmica
A constelação sistêmica é um conhecimento observado pelo psicoterapeuta alemão Bert Hellinger, há mais de 30 anos. Em seus estudos e trabalhos, ele observou que há certas dinâmicas nos sistemas familiares que agem de forma oculta, a partir do inconsciente pessoal e familiar.

A partir daí, ele trouxe o conhecimento de que muitas vezes nos colocamos a repetir certos acontecimento por uma “lealdade” ao nosso sistema. Repetimos sem nos dar conta disso.

Hellinger também percebeu que existem três parâmetros que incidem em todos os relacionamentos, e de forma especial, nos relacionamentos familiares. São eles a ordem, o pertencimento e o equilíbrio, que o psicoterapeuta chamou de “as leis da vida”.

Uma breve explicação da leis
A ordem é o lugar que cada um pertence no sistema familiar. Por exemplo, para o inconsciente familiar, um pai sempre terá precedência diante de um filho, pois ele veio antes.

O equilíbrio fala de como as trocas dentro de relacionamentos devem tender a uma igualdade entre as partes. Quando há um desequilíbrio, o sistema tensiona e os indivíduos sentem isso através de uma dificuldade.

O pertencimento fala de como todos aqueles dentro de um sistema têm direito a ser parte e se sentir parte dele. É também este mesmo sentimento, de pertencimento, que muitas vezes nos coloca no rumo da repetição do que está contido no inconsciente familiar.

E o que isto tem a ver com o Direito?
No seu trabalho como juiz e por meio de algumas iniciativas como as oficinas sistêmicas, Storch pôde começar a observar como muitas pessoas vinham para o processo jurídico carregando uma exigência que não era verbalizada, mas que se concretizava no processo judicial.

Por meio dessas oficinas, em que as partes dos processos nos quais ele atuava eram chamadas para participar, Sami explicava um pouco das 3 leis e abria espaço para que fossem feitas algumas constelações de temas referentes aos processos, trazidos pelos clientes que se sentiam disponíveis para olhar para isso.

Os resultados que se seguiram após a instauração da prática dessas ferramentas sistêmicas foram excepcionais, conforme números trazidos pelo próprio juiz:

– Nas audiências efetivamente realizadas com a presença de ambas as partes, o índice de acordos foi de 100% nos processos em que ambas participaram da vivência de constelações; 93% nos processos em que uma delas participou; e 80% nos demais.

– Nos casos em que ambas as partes participaram da vivência, 100% das audiências se efetivaram, todas com acordo.

Os participantes também responderam a questionários após as sessões de conciliação dos seus casos. Os resultados observados foram os seguintes:

– 59% das pessoas disseram ter percebido, desde a vivência, mudança de comportamento do pai/mãe de seu filho que melhorou o relacionamento entre as partes. Para 28,9%, a mudança foi considerável ou muita.

– 59% afirmaram que a vivência ajudou ou facilitou na obtenção do acordo para conciliação durante a audiência. Para 27%, ajudou consideravelmente. Para 20,9%, ajudou muito.

– 77% disseram que a vivência ajudou a melhorar as conversas entre os pais quanto à guarda, visitas, dinheiro e outras decisões em relação ao filho das partes. Para 41%, a ajuda foi considerável; para outros 15,5%, ajudou muito.

– 71% disseram ter havido melhora no relacionamento com o pai/mãe de seu(s) filho(s), após a vivência. Melhorou consideravelmente para 26,8% e muito para 12,2%.

– 94,5% relataram melhora no seu relacionamento com o filho. Melhorou muito para 48,8%, e consideravelmente para outras 30,4%. Somente 4 pessoas (4,8%) não notaram tal melhora.

– 76,8% notaram melhora no relacionamento do pai/mãe de seu(ua) filho(a) com ele(a). Essa melhora foi considerável em 41,5% dos casos e muita para 9,8% dos casos.

– Além disso, 55% das pessoas afirmaram que desde a vivência de constelações familiares se sentiram mais calmas para tratar do assunto.

Confira aqui a fonte do estudo.

Uma nova possibilidade
Para os profissionais do Direito, conhecer e utilizar este conhecimento é uma grande ferramenta de trabalho. O primeiro efeito observado é que esses profissionais passam a atender seus clientes de um novo lugar, mais saudável, sem o impulso de tomar para si a dificuldade que o cliente lhe traz. A percepção é que o trabalho se torna mais leve e satisfatório.

O segundo é que o profissional com treinamento sistêmico passa a ser capaz de ampliar seu olhar e abarcar uma verdadeira solução para os conflitos judiciais que chegam até ele. É uma possibilidade de olhar para o que verdadeiramente conduz o cliente ao conflito e auxiliá-lo na direção da solução que irá atender aos anseios que o conduziram primeiramente para o litígio.

Assim, todos ganham: o cliente, o profissional e o sistema judicial, todos cada vez mais conectados com seus verdadeiros propósitos. E principalmente, com um caminhar mais leve na vida.

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